Cinco perguntas para José Pedro Villalobos

"Vou considerar o meu começo profissional quando ingressei na RBSTV, em 1994"

José Pedro Villalobos cursou pós-graduação em Direção Editorial da ESPM-SP - Crédito: Arquivo Pessoal

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?

Chamo-me José Pedro Villalobos. Vou considerar o meu começo profissional quando ingressei na RBS TV, em 1994. Lá fiquei por 20 anos, ando desde as funções básicas de produção e edição até chegar à gestão. Entre outras atividades, fui editor-chefe do 'Jornal do Almoço' por oito anos e meio, coordenador de Reportagem e, por fim, gerente de Produto da extinta TVCom. 

Em 2021 cursei a pós-graduação em Direção Editorial da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP), uma idealização excepcional do Robero Civita, dono da Abril. Uma turma fantástica, com professores 'hors concours' na Comunicação brasileira. 

Na RBS tive a chance de trabalhar com grandes líderes e colegas. Não cito nomes deste longo período para não incorrer no pecado do esquecimento. Mas estas pessoas sabem quem são. As diversas equipes de editores e produtoras do 'JA'. A minha inesquecível turminha super criativa da TVCom. 

Aqui abro um parênteses: se ganhasse um real cada vez que alguém me diz que quer "recriar" a TVCom, estaria rico. Só que nenhum deles sabe o que está dizendo. Apenas quem fez parte da emissora sabe. Até porque a primeira pergunta a responder é "de qual TVCom estamos falando?" Sim, houve diversas fases e gestões da TV, com linhas editoriais diferentes. Fecha parênteses.

Depois disto migrei para o empreendedorismo, com minha empresa: Núcleo de Comunicação, focada em produção de conteúdos em vídeo, áudio e texto. Em paralelo, integrei um projeto com o grande jornalista Norton Kappel: a Ponte - Estratégias em Comunicação, onde criamos desde um curso de gestão de Comunicação para clubes de futebol até trabalhos de Assessoria de Imprensa, podcasts e conteúdos para redes sociais.

Nos últimos dois anos me dediquei a um projeto na Ulbra TV e Rádio Mix FM, como diretor de Jornalismo e Programação, o que me possibilitou voltar a viver o ambiente de uma redação, participando da reestruturação das emissoras. Desde o fim de março retomei as atividades da minha empresa e já estou atuando na captação e execução de projetos para novos clientes.

2 - Porque optou pelo Jornalismo?

Minha primeira opção seria pelo curso de História mas, quando vi que, no Jornalismo, encontraria glória, fama e riqueza (risos), optei pela segunda via. Falando sério agora: Jornalismo é história. A história do momento, das pessoas, dos lugares, da realidade nossa do dia a dia. Por mais clichê que isso pareça, "contar histórias" sempre foi o meu grande fascínio na Comunicação. No Jornalismo essas histórias devem ser as reais, as verdadeiras. E existem tantas formas de narrar tudo isso.

3 - Em março, na sua última conversa com Coletiva.net, você falou que está vivendo um momento de investimento e novos projetos. Como está sendo a trajetória até agora?

É um período muito interessante dentro do mercado de Comunicação. Existem tantos novos players na mídia tradicional, quanto oportunidades de desenvolvimento de projetos digitais para profissionais liberais que necessitam visibilidade e credibilidade para a construção de suas marcas. É nestas duas frentes que estou atuando.

4 - Na sua opinião, quais são os principais desafios da profissão?

Não vou me ater a todo discurso sobre questões de tecnologia, Inteligência Artificial, etc. Quem ainda não entendeu que o modus operandi mudou, está preso a um modelo retrógrado e estagnado. Infelizmente - falo aqui principalmente dos veículos tradicionais - ainda existe quem pense que tudo pode ser feito na base do 'achismo' personalista e narcisístico. Nada mais equivocado e ultraado do que esta 'visão'.

O mundo contemporâneo pede análise precisa de dados e fatos, projeção de cenários e a presença de lideranças visionárias, capazes de conduzir as organizações enfrentado caminhos não-óbvios, voláteis, repletos de ambiguidades, complexidades, incertezas e, em meio todo este caldeirão, uma exigência cada vez maior de entregas qualificadas. Só que nada disto vale se não for balizado por um profundo comprometimento com a ética. Este é o recado que deixo para quem está começando: nada, nenhuma forma ou plataforma substitui ou é mais importante do que o comportamento ético.

Integridade e honestidade são valores inegociáveis para quem quer estabelecer uma trajetória sólida e verdadeira. O tempo ensina que a opção por caminhos de moral flexível ou duvidosa, cedo ou tarde leva à perda de credibilidade. O mercado não é cego ou desatento ao que acontece.

5 - Quais são os seus planos para os próximos cinco anos?

 Desde que fui apresentado, há alguns anos, aos conceitos das metodologias ágeis, entendo o tempo como uma composição de ciclos curtos, com reavaliações permanentes, correções de rota e, se preciso, 'pivotagens'. Projetos devem se adequar à realidade das empresas - e, porque não, das pessoas - buscando obter realizações sustentáveis, coerentes e objetivas, com planos de ação muito claros e assertivos.

Neste contexto, falar em um prazo de cinco anos é falar de uma infinidade de situações que podem surgir, desde realizações mais autorais - um livro, quem sabe? -, até trabalhar alguns nichos pouco explorados de mercado, produzir conteúdos na área de gestão de empresas ou mesmo desenvolver projetos para TV e rádio. Mas estas são apenas algumas entre várias possibilidades. Não tenho ansiedade pelo futuro, o foco no momento presente é o que importa.

Comments