LEMBRANDO SARAMAGO 2c3e3w
Num dia de junho do ano 2000, José Saramago (1922/2010) estava no palco do antigo Teatro da OSPA, em Porto Alegre, para o lançamento do seu livro A Caverna e eu era mais um entre as centenas de pessoas que foram lá para ouvir a leitura de algumas páginas do seu livro, feita de forma maravilhosa por Mirna Spritzer e depois apanhar o autógrafo do autor no livro.
Na ocasião Saramago, já era um dos romancistas mais famosos do mundo e se tornara o primeiro escritor em língua portuguesa a ganhar o Nobel de Literatura em 1998.
Não é sobre esse evento que vou escrever, mas sobre algumas semelhanças entre as histórias de dois de seus melhores livros e a realidade brasileira.
Estou me referindo a Ensaio Sobre a Cegueira, de 1995 e Ensaios Sobre a Lucidez, de 2004.
No primeiro, toda a população de uma cidade é atingida aos poucos por uma cegueira branca. Só uma mulher é poupada dessa epidemia. Caberá a ela então guiar as demais pessoas no meio dessa cegueira geral.
No segundo, nas eleições de um país, subitamente, sem que isso houvesse sido combinado previamente, o voto em branco supera os votos dados aos candidatos da situação e da oposição.
Nos dois livros, trazendo os eventos para os dias de hoje no Brasil, a analogia parece clara.
No primeiro (Ensaio sobre a Cegueira), em meio da cegueira política da maioria é preciso que alguém enxergue o que está acontecendo e aponte o caminho certo para a maioria dos que estão cegos.
No segundo (Ensaios de Lucidez), Saramago aponta o caminho a ser seguido: a negativa de aceitar as escolhas que são oferecidas ao povo.
No Brasil de hoje, só não estão cegos os que enxergam que a proposição da classe dominante do Brasil, a grande burguesia aliada ao imperialismo, é que se escolha o Presidente entre dois iguais, Lula e Bolsonaro (ou alguém em seu nome).
É preciso ter lucidez para se negar a participar desse jogo e escolher outro caminho: o da Revolução Brasileira e votar nulo em 2026.