Setembro amarelo: precisamos falar sobre saúde mental

Por Patrícia Lapuente, para Coletiva.net

Patrícia Lapuente - Arquivo Pessoal

Chegou o setembro amarelo e, com ele, milhares de posts ressaltando a importância do cuidado que precisamos ter com a nossa saúde mental. Tudo muito bom e bonito no papel, ou melhor, no feed do Instagram. Mas será que todas as pessoas e empresas que produzem conteúdo sobre isso realmente se preocupam e possuem empatia com os outros?

Esses tempos, viralizou no LinkedIn um relato muito forte de um comunicador, que ou por uma crise de depressão e não tinha condição alguma de trabalhar naquele determinado dia. O resultado? Quando retornou ao local de trabalho, soube que estava pura e simplesmente NA RUA. Por quê? Para realizar o tratamento. Isso mesmo! E a primeira pergunta que fica é: como a pessoa vai conseguir pagar por serviços psiquiátricos, medicações, terapia e etc, sem uma fonte de renda? 

Muitas vezes, as pessoas precisam ser afastadas, sim, mas continuam recebendo o salário integralmente, assim como precisam sair de licença por qualquer outro motivo médico, afinal, saúde mental é saúde - apesar de alguns ainda insistirem que tudo não a de mimimi. E que triste ver o quão sem empatia as pessoas estão a cada dia que a.

E eu vim aqui justamente dizer que é possível, sim, ter um lugar seguro, onde a gente pode falar abertamente sobre saúde mental sem ser julgado. No mesmo dia em questão, quando ficamos sabendo sobre essa triste notícia de uma agência gaúcha, eu estava a poucos instantes de ter a minha crise de ansiedade. Isso mesmo! E o que eu fiz? Avisei o mais rápido possível para a minha chefe, que prontamente começou a tentar me ajudar da melhor maneira possível. Isso se chama humanidade, e é o que todos esperamos de outro ser humano. Aqueles que pensam no outro antes do lucro. Sim, eu sei, são raros.

Contudo, foi justamente por ser um comportamento normal no meu trabalho, que me enganei absurdamente em relação a outras empresas de Comunicação e também fora da área. Aqui no Coletiva quase todo mundo faz terapia, uma hora que é sagrada e que sabemos o quão importante é. Por isso, nada de atrasar a terapia do colega, sempre nos ajudamos para que ele possa ter esse momento com tranquilidade. 

E, exatamente como meus líderes, que possuem essas tais de empatia e humanidade, não penso nem uma ou duas vezes quando o assunto é saúde mental. Alguém da minha equipe está com alguma crise de ansiedade? Acordou não se sentindo bem? Precisa de simplesmente uns minutos para respirar? A orientação é sempre a mesma: cuida de ti primeiro e, quando estiver melhor, retorna. Ah, mas o trabalho vai acumular? Ah, mas vamos nos atrasar? Ah, mas o conteúdo não vai ficar pronto? Não importa. A gente, uma equipe unida como somos, dá um jeito. E se não deu? Não deu, oras. Pronto. Paciência. Vida que segue. Afinal, o que seria de uma empresa sem os seus colaboradores? Ninguém é robô e muitas vezes precisamos desacelerar, é do jogo, não adianta. E tá tudo bem!

 

Patrícia Lapuente é jornalista, editora de Coletiva.net e coordenadora de Operações da Coletiva.rádio

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