Por que o político precisa estar no TikTok?

Por Ricardo Gomes, para Coletiva.net

Ricardo Gomes - Arquivo Pessoal

Estava dirigindo vídeos de candidatos a deputado estadual e federal e conversando com um deles. Perguntei: você já usa o TikTok? Ele me disse não, com muita convicção. Relatou que apenas usava o Instagram e Facebook, além, é claro, do envio de mensagens nos grupos de Whatsapp que participa e tem criado pelas cidades que visita.

A conversa seguiu e tomei a liberdade de dizer a ele que estava perdendo uma grande parcela de eleitores. Os jovens da geração Z - nascidos no final da década de 1990 e com sua íntima ligação e relação com à tecnologia e meio digital - estão mais voltados a um novo modelo "de verdade".  Eles mexem com nossos conceitos de marketing, seus vídeos mais diretos, com efeitos feitos em Apps, que nos mostram não apenas que o modelo de se comunicar está mais na palma das mão, seja pelo uso de um celular que substitui uma excelente câmera, ao fato que qualquer um deles pode conceber um roteiro e produzir um programa eleitoral andando pelas ruas da cidade.

Estar no TikTok para o político com quem eu estava conversando, e que pretende um dia ser um nome referência, como o mesmo me relatou, está diretamente ligado a criar uma relação com este jovem que está aí, mais pragmático e preocupado com causas sociais e em ser legítimo no seu jeito de ser. Portanto, compreender e estar em seu universo é essencial e, também, um grande aprendizado.

A geração Z está deixando de lado os textões e verdades absolutas das postagens no Facebook, as alegrias e perfeições de ostentação do Instagram. Para ver na expressão mais simples de seu estilo de dançar, dublar e até mesmo de falar que o TikTok preconiza.

Não estou aqui defendendo que deixem as outras redes para se concentrar nesta, estou apenas alertando que entender cada uma é essencial para comunicação digital e que cada conteúdo deve ser pensado na linguagem mais pura da rede.  Veja o exemplo da Gucci que faz isso na moda (pesquise as campanhas deles: #accidentalinfluencer e #guccimodelchallenge) ao deputado federal do Rio de Janeiro, Marcelo Calero que usa de uma forma impecável o seu Tik Tok (procure o vídeo do dia 16/8, quando começa o período eleitoral) e que dá aulas à cada conteúdo, de como essa plataforma pode ser essencial na eleição.

Quando aconselho alguém a usar o TikTok em sua estratégia de marketing político, também não o faço de forma ampla e irrestrita? Pois, não se pode correr o risco de criar um novo tio da Sukita, que numa eleição, tem mais chances de acontecer.

Também não deixo de dizer que o YouTube permite vídeos maiores e que ajudaram e muito na sua narrativa, mas se o seu perfil estiver adequado e encontrar a linguagem certa para usar o TikTok nesta eleição será muito bom, mas nas eleições de 2024 já será imprescindível. A dica é já começar a entender para não errar lá na frente.

Claro que nenhuma das redes está livre da fake news, mas o que também me deixa um pouco mais tranquilo no TikTok é que a estética grotesca e usurpadora de quem adora uma notícia falsa tem ressoado mais no WhatsApp e nos canais de Telegram do que aqui, onde os jovens da geração Z estão nos dando uma aula de como não cair em armadilhas de trocar a liberdade da democracia pela tirania.

Se você é político ou pretende ser em breve... comece a pensar em como tratar seu conteúdo em cada uma das redes, valorizando a melhor linguagem para sua plataforma eleitoral. E se couber um TikTok, faça-o muito bem, ou evite-o se for capaz!

 

PS: me cobrem em 2024 se minha previsão estiver errada!

 

Ricardo Gomes é publicitário

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