Mercado de vinhos no Brasil

Por Julio Gostisa, para Coletiva.net

O brasileiro adotou o vinho como bebida oficial da pandemia. O consumo de todos os tipos da bebida no Brasil, sejam elas importadas ou nacionais, teve um crescimento considerável nestes últimos 16 meses. Fomos obrigados a permanecer trancados em casa e o que conseguimos economizar, por estarmos escondidos na falsa proteção de nossos lares, foi muito provavelmente investido em vinhos. Enquanto que no mercado global de vinhos a pandemia causada pelo novo coronavírus causou redução e retrações em torno de 9%.

Em outras palavras, o aumento do consumo de vinhos no Brasil não ajudou muito o mercado mundial. Somos infinitamente insignificantes no quesito produção. Perdemos em produção e consumo para países como Rússia e China. Estamos a léguas de distância dos quatro maiores países produtores e consumidores que são: Itália, França e Espanha, seguidos pelos Estados Unidos. Mas estamos crescendo, isso importa, e muito. Estamos crescendo em consumo e produção de vinhos de mesa e de vinhos finos.

No ado, vivíamos sob o estigma de que vinho era um produto de luxo. Tínhamos elitizado o produto e isolamos a indústria de seguir seu crescimento saudável. Com o tempo, o paladar adocicado do brasileiro começou a descobrir boas opções de melhores custo e benefício. Governos de outros países resolveram investir no mercado brasileiro e fomos agraciados com ótimas opções vindas do Chile, da Argentina e de Portugal. Gradativamente, começamos a consumir mais vinhos finos. Começamos a conhecer melhor os produtos produzidos em nossa terra.

Como comenta Rodrigo Lanari, fundador da empresa Winext, a pandemia resultou na aceleração das vendas de bebidas alcóolicas via e-commerce e no crescente engajamento online dos consumidores com a categoria. Nos Estados Unidos, aproximadamente 44% dos consumidores de bebidas utilizaram o canal pela primeira vez em 2020, em comparação com 19% em 2019. Pela internet, os consumidores podem facilmente explorar, descobrir, comparar e comentar produtos, o que torna o canal particularmente atrativo para a categoria do vinho e sua enorme diversidade de tipos, rótulos, estilos, origens e marcas.

No caso brasileiro, o mercado se destaca pelo já elevado nível de disseminação do canal online: segundo a Wine Intelligence, 30% dos consumidores regulares de vinho já utilizam as lojas virtuais para compra do produto, enquanto 59% pretendem fazê-lo no futuro. Isto coloca o Brasil na terceira posição em números absolutos de consumidores online, somando mais de 10 milhões de pessoas.

A indústria nacional de vinhos vive um grande momento, mas ainda tem muitos desafios pela frente. Temos muito a aprender com os outros países e seguir estudando o comportamento do consumidor. O mundo mudou, e não foi diferente com relação ao mercado de vinhos.

Julio Gostisa é executivo e produtor de vinhos.

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