Como venceremos as fake news?

Por Guliver Leão, para Coletiva.net

Com o objetivo de identificar a forma como os latino-americanos se relacionam com as fake news, a reconhecida empresa de cybersegurança russa Kaspersky realizou um estudo. No relatório, um dado preocupa: 62% dos brasileiros não consegue identificar uma notícia falsa. Apesar disso, 98% dos povos da América Latina entendem a nocividade das publicações.

É notório que vivemos em uma fase de plena expansão de notícias falsas. Diariamente, somos envolvidos por um volume altíssimo de informações, que chegam pelo rádio, pela TV, por sites e pelas redes sociais. É tempo de notícias em tempo real, do aqui e do agora, de produção incessante de conteúdo e, por consequência, de publicações que não condizem exatamente com a realidade.

Subestimamos inicialmente o perigo das ditas fake news. E quando digo nós, me refiro a todos os profissionais envolvidos no meio da comunicação, ainda buscando adaptação aos novos formatos - que surgem com uma alta velocidade. Não é tarefa fácil identificar e barrar as notícias falsas ou a circulação das mesmas, é um trabalho que exige união de forças, mas que vale a pena, afinal, a veracidade das informações é um dos principais pilares do jornalismo e dos profissionais da comunicação, com certeza.

Uma solução simples? Não existe. Mas existem a boa vontade e a tecnologia, que uma vez aliadas, ajudam a construir meios para combater as fake news. Recentemente, uma ferramenta direcionada para as imagens ou a contribuir para o fotojornalismo: identifica as fotos que foram alteradas. Já é um grande o, visto que estamos chegando ao ponto de ter vídeos também adulterados.

Para as notícias, temos plataformas como o Instagram, Facebook e Twitter atuando para tentar frear a disseminação de notícias falsas e enganosas. Além disso, projetos como o EducaMídia, oferecem brilhantemente ferramentas para o que temos de desenvolver a longo prazo: a educação midiática, preparando a população para identificar o que é real do que não é.

É na educação que aposto minhas fichas, garantindo que no futuro não tenhamos mais de 60% dos brasileiros com dificuldade de identificar uma fake news e, sim, boa parte da população cobrando veículos e publicações sobre a veracidade do que divulga. A responsabilidade é de todos. Dos que divulgam e dos que ream. Façamos cada um a nossa parte e sejamos parte de uma rede de informações comprometida com a honestidade e com a verdade, pilares fundamentais para a sociedade do presente e também do futuro.

Guliver Leão é Presidente da Federação Nacional das Empresas de Rádio e TV (Fenaert).

 

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