Carta ao jornalista Guilherme Baumhardt

Por Iraguassu Farias, para Coletiva.net

Iraguassu Farias

Vez ou outra venho aqui neste espaço dar uns pitacos. Volto para um meio chato de escrever, que ao longo do longo texto saberão o porquê. Peço desculpas pelas não breves palavras.

Sou filho de radialista. Por mais de 50 anos ele trabalhou nisto. Nunca segui meu pai na profissão e já disse aqui que a iração pela profissão não dependia disto. Mais do que isto, como costuma acontecer com jornalistas, eles teimam em ter um viés de mudar o mundo, de ter solidariedade com os que menos têm, de sofrer com o sofrimento alheio. Em suma, a maioria sai dos bancos da universidade recheada de sonhos e compromissos sociais. Em suma, mais à esquerda, como dizem, do espectro político. Comigo não foi diferente. Descendo desta linhagem. E não abro mão deste legado do meu pai.

Politicamente, já fui eleitor de Pedro Simon, Alceu Colares, Fogaça, Beto Albuquerque, Brizola. Também de Olívio, Tarso e Lula. Disto isto, já sabem do meu viés político. E não há razões para escondê-lo. Também me declaro coloradíssimo, católico e casado com a mesma mulher há 40 anos.

Quando compramos o Coletiva.net, Guilherme, assumimos um compromisso que não está expresso no contrato. Mas é tácito. Asseguramos ao Vieirinha - de fato grande jornalista -, que jamais afastaríamos o portal do "trilho" em que ele foi construído. E tentamos, com denodo, manter a credibilidade de 23 anos, criada por ele e o Fuscaldo. Não somos blog de opinião. Não temos opinião. Não temos lado. Somos isentos e respeitamos quem pensa diferente.

Procuramos ser assim porque aprendemos que veículo de comunicação que perde a isenção, perde junto a credibilidade. E, em nossos espaços, sempre tiveram vez e voz os agentes da comunicação, independentemente de sua linha editorial, inclusive os veículos do grupo Record. Grande ou pequeno, famoso ou desconhecido, esta máxima não pode ser contradita pelo mercado. Nossas pautas acolhem todas as matizes da Comunicação, e entre nossos anunciantes há governos de todos os espectros políticos e marcas alinhadas com todas as correntes ideológicas. Se você fosse nosso leitor assíduo, saberia disso.

Aqui, agora, uma pausa. Um suspiro e um comentário sobre o "esclarecimento público" que fizeste há cinco horas, no seu Facebook tentando me enxovalhar, que conta agora, com 40 curtidas.

Nobre jornalista Guilherme Baumhardt, não te conheço, nunca ouvi teu programa e nunca fui ao teu Facebook saber algo a teu respeito. E não importa tua matiz ideológica. O portal Coletiva.net sempre te procurou para buscar informações a respeito da empresa que representas. Sempre. Mais vezes do que as que tu tivesses a gentileza em nos responder. Mas isto não importa. Você é empregado de um grande grupo de Comunicação, e merece do Coletiva todo respeito.

Por falar em respeito, meu caro, não gostar de uma matéria do Coletiva não te dá o direito de me ligar, elevar o tom de voz e, ao ouvir que naquelas condições eu desligaria, me chamar de "petista filho da puta", e dizer que iria "me fuder no Facebook". Talvez você pense que me ofendeu ou me amedrontou. Nem um, nem outro, viu? Não tenho medo de ameaças. Mas não gosto de ofensas. Especialmente as gratuitas, partindo de um jornalista de quem eu esperava mais consideração. E apenas por ser um ser humano, embora me pareça demasiado esperar de você este entendimento. Se bem que nos tempos atuais, não se pode esperar isto de tanta gente, né?

Voltando caro Baumhardt, eu, no seu lugar, como empregado, conversaria com a minha diretoria, levaria a eles a matéria em questão e, em caso de alguma inverdade - de nossa parte, ou alguma acusação leviana, sem provas e maledicente, deixaria que eles tomassem as medidas cabíveis. Até judiciais se fosse o caso. Mas você não fez isto. Sabe porque, nobre jornalista? Porque não há na matéria nada relativo a isto, como nunca teve.

Ao invés disto, você questiona nossa jornalista (a quem você chama de "menina do portal") sobre quem eu sou. Inicialmente, queria lhe dizer que ela tem nome - e você sabe qual, pois tenho conhecimento da tua conversa com ela. Em seguida, penso que você poderia ter feito a lição de casa e tentar saber quem eu sou. Não precisa ir longe: o mercado me conhece e ao Coletiva. Sua diretoria me conhece, e seguramente me trataria com mais consideração.

Queria fazer uma correção no seu texto, escrito no teu perfil: você não perguntou a ela quem cuidava do editorial. Você, arrogantemente, perguntou quem manda aqui. E depois perguntou com quem poderia falar sobre a matéria, como se a jornalista que contigo falou fosse menos importante. Saiba, Guilherme, que aqui, no dia-a-dia, ela é mais importante que eu. Ela é quem reporta. Eu nem sou jornalista. E quando ela te disse pra falar comigo, você perguntou (está escrito) "o que ele é aí?". E ela te disse. Mas te disse mais: disse que, em casos espinhosos, eu acompanhava os conteúdos e estava a par deste assunto.

Aqui no Coletiva, Baumhardt, entre portal, rádio e revista, são 14 jornalistas graduados. Nem é pelas Contábeis, istração e Direito, mas certamente pelos meus 62 anos, tenho vivência pra orientá-los não sobre Jornalismo, mas pela responsabilidade e bom senso que deve imperar, independentemente da formação ou de onde colou grau. Você sabe que, em duas linhas, a gente pode destruir uma reputação ou incensar um canalha. Basta querer.

Vocês se revoltou com a matéria? Direito seu. E se milita e vive do Jornalismo, mais ainda deveria saber que nós não publicamos mentiras, e que, se produzimos a matéria, partimos de um fato - que você reconhece, ouvimos fontes e colhemos a versão da rádio através de você, gerente-geral. Tudo certo, como manda o figurino, e como é praxe no Coletiva. Contudo, Guilherme, queria te informar que possuo os áudios das fontes, que são fidedignas e apenas serviram para instrumentar nosso conteúdo. Não fomos nós que afirmamos o que contestas, nobre jornalista. Foram as fontes. Que jornalismo tu praticas se não reconhece o valor delas na atividade? Nem preciso te dizer que elas morrem comigo, e nem sob tortura do Ustra eu falaria. Mas vou guardá-las. Estou pensando se levo pro lado pessoal e as uso em juízo, ou se trato como institucional e me restrinjo a uma contenda entre empresas.

Você está errando o pulo, Guilherme. Nós nem precisaríamos recorrer a fontes protegidas pelo sigilo. Bastaria utilizarmos como fonte a própria rádio Guaíba. Talvez tu não sabias, mas no dia 23, terça-feira, o jornalista Júlio Ribeiro, em seu programa vespertino - não me ocorre o nome mas você pode buscar o vídeo aí na emissora, declarou, no ar, que a live do programa dele poderia ser vista "apenas no YouTube, porque a rádio tinha sido bloqueada no Facebook por acusação de disseminar notícias falsas". Um momento.... vou procurar o telefone do Júlio pra te ar e assim tu podes confirmar. Mas não precisa né? Você mesmo sabe que a última live daquele dia foi exatamente a do teu programa.

Bem, nobre jornalista, eu acredito que qualquer pessoa que leia a matéria comprovará que nada há nela de ofensivo e muito menos de mentiroso. Só acham isto você e seus 40 seguidores no Facebook, onde você cumpriu a promessa de tentar me "fuder no Face".

Deixa eu resgatar a verdade (não esqueça: eu tenho os prints): ela não disse que o diretor Comercial era o responsável pela matéria ou pelo editorial. Isto é jogo de palavras teu. Ela disse que quem poderia falar sobre o assunto era eu, que tinha acompanhado o caso e tal. E quando você pergunta o "o que ele é aí?", ela respondeu esta função. Concluir diferente disto, faz parte de maldade ao dizer que no portal "quem faz esta tutoria é o diretor comercial, um senhor chamado Iraguassú Farias".

Guilherme, acho que tu podes mais que isto. Tu mesmo referes 65 anos da rádio Guaíba. Este legado dos Caldas não merecia tamanha tacanhez de tua parte. Sim, porque só os sórdidos e desclassificados valem-se do expediente que usastes - o de expor alguém nas redes sociais por suas opiniões pessoais. Isto, no código penal está bem tipificado.

Finalizando, Baumhardt, queria te dizer que minha mãe não é nem foi uma puta. Que você não vai conseguir me fuder no Face pelas minhas ideias. Meu face existe muito antes de eu e minha filha compramos o portal. Sim, Baumhardt, além de vendedor (diretor Comercial é apenas um eufemismo), eu sou dono do portal. E ele não é uma concessão pública. É privado. Mas nem por isto cai na esparrela de ter lado.

Ah... como tu não fizeste o dever de casa, eu te ajudo. Além de honrar as crenças do meu pai, fui bancário por muito tempo. E nesta lida conheci Antonio Sanzi, Milton Mottin, José Fortunati, Luiz Felipe, e outros como Olívio Dutra, a quem considero um grande sujeito, todos colegas que lutaram pelo direito daquela classe. E você finaliza o texto na tua página dizendo: "Com os senhores, algumas publicações do senhor Iraguassu Farias, aqui mesmo no FB. Publicações das quais ele certamente se orgulha".

Não entendi se você quis me avacalhar dizendo isto, mas de fato é um elogio para mim, que me acho do lado certo da história. E me orgulho de ter orgulho de um sujeito como Olívio Dutra. Questão de gosto, sabe? Assim como me orgulho de nunca ter permitido ou contribuído para que o portal enveredasse para a banda política - e quem diz o contrário, mente. Então, deixa o portal de fora e centre sua ira em mim. Eu não represento sozinho o portal e nem sou tão importante assim. Assim como presumo que você não seja apoderado para falar pela rádio Guaíba.

Baumhardt, meu face é pessoal e intransferível. O Coletiva não tem culpa de mim. E eu tenho muito orgulho dos jornalistas que integram nosso portal, nossa rádio e nossas revistas.

 

Iraguassu Farias é diretor Comercial de Coletiva.net.

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