A República dos coletes laranja 5q5z1q

Por Giovani Gafforelli, para Coletiva.net 1574d

13/05/2024 17:34
A República dos coletes laranja /Crédito: Arquivo pessoal

Não é a primeira e com certeza não será a última vez que um evento climático de grandes proporções atinge o Rio Grande do Sul. Desde 2022, os desastres naturais têm acontecido com maior frequência e, a cada intempérie, casas, vidas, bens materiais, lembranças e animais se perdem. Assim como a economia do Estado que fica fortemente prejudicada sem suas lavouras, plantações e a pecuária, tão presentes no nosso Produto Interno Bruto, destruídas pelas cheias. Precisamos sempre pensar sobre qual o papel dos nossos governantes neste cenário desolador. É assustador ver como os gestores públicos no Brasil e no Rio Grande do Sul sucumbiram ao caos, foram devorados pelo medo e pela ausência de iniciativa para salvar vidas.  w2a37

Na era das redes sociais, não são poucos os gestores públicos que desaparecem das ruas e só são vistos na hora de tirar fotos ou dar entrevistas com o famigerado colete, de cor laranja, da Defesa Civil. Tem gestor que se preocupa mais com um cavalo do que com os quase 2 milhões de gaúchos afetados pelas cheias. Tem gestor que recebeu verba federal para investir em sistemas de drenagem para evitar, justamente, que a água tome conta das casas do povo, mas nada fez. E tem gestor que se diz um paladino da verdade, propagando tranquilidade no momento de pedir a evacuação das pessoas para garantir a segurança de todos.

Nesta tragédia climática, que assolou 431 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, quem está de parabéns é o povo gaúcho que, mesmo tendo perdido tudo, não desistiu de salvar o próximo. Essa tragédia climática mostrou o pior e o melhor do ser humano. Foi o povo pelo povo. Personalidades odiadas por uma parcela da sociedade fizeram a diferença na preservação da vida e na alimentação de desabrigados. Foi o povo que resgatou pessoas ilhadas no telhado de suas casas, foi o povo que mobilizou barcos, lanchas e jet skis para resgatar pessoas. Não podemos deixar de lado o trabalho dos Bombeiros e da Brigada Militar, guerreiros, que arriscam a própria vida para salvar famílias inteiras.

Nestes eventos também conseguimos ver o lado sombrio do povo, assaltando voluntários que estavam fazendo resgate de pessoas ilhadas. Saqueando casas e empreendimentos que precisaram ser evacuados. Impedindo a chegada de mantimentos para quem não quis abandonar suas casas, em função da guerra de facções. Teve até gente cobrando altos valores por resgates, como se a vida tivesse preço. E onde estavam nossos governantes nestes momentos difíceis? Dentro de seus gabinetes produzindo conteúdo instagramável.

Giovani Gafforelli é jornalista Político e assessor de Comunicação