"O o da imprensa ao Governo Federal está mais democrático", analisa repórter do SBT
Daniel Adjuto, especializado em Política, palestrou no Congresso da Agert na manhã desta quinta-feira, 24

A primeira palestra da manhã desta quinta-feira, 24, foi do jornalista Daniel Adjuto, do SBT. Especializado em Política, o repórter falou sobre os bastidores do Governo Bolsonaro e a relação do presidente com a imprensa. Ele atua na emissora desde o Governo Dilma e também acompanhou o ex-presidente Michel Temer. Na apresentação, fez uma análise das diferenças entre o tratamento que cada um dos governantes deu para os profissionais de Comunicação. "Hoje, o o da imprensa ao Governo Federal está mais democrático", avaliou, lembrando que, na época de Dilma e Temer, a Rede Globo tinha mais privilégios.
Segundo informou, no Governo Dilma, os veículos eram bem utilizados, com eventos no Palácio do Planalto, porém, a preferência era sempre da Globo. Temer manteve esse sistema, mas com Bolsonaro é diferente. "Ele foi eleito, principalmente, pelas redes sociais, então, essa é a prioridade dele", pontuou Adjuto. O repórter, então, comentou que é importante ficar atento a estas plataformas, por meio das quais o presidente publica muita informação, além dos vídeos ao vivo, que devem ser monitorados. "Embora seja em um horário ruim, próximo ao nosso telejornal - a live do governo é das 19h às 19h20 e SBT Brasil vai ao ar às 19h45 - temos que assistir, apurar as informações e colocar no jornal", informou.
Sobre a rotina do governo com os jornalistas, diariamente, às 18h, o porta-voz da Presidência da República, o general Otávio Santana do Rêgo Barros, fala com os setoristas de Política em Brasília e responde a todas as perguntas, mesmo que, às vezes, as respostas saiam pela tangente. "Mas, enquanto estamos lá, Bolsonaro está saindo do Palácio por outra porta, cumprimentando turistas e passando informações relevantes a eles", comentou, informando, então, que a solução foi colocar outro repórter junto aos turistas.
Adjuto falou sobre a importância de monitorar, também, os filhos do presidente - Carlos, Eduardo e Flávio -, que têm uma força muito grande neste governo e divulgam informações pelas redes sociais. Sobre isso, mencionou o perfil Pavão Misterioso, no Twitter, o qual surgiu em defesa do governo, porém, que ninguém sabe quem está por trás das postagens. Joice Hasselmann, ex-líder do governo no Congresso, informou, em sua entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura, que o responsável é Carlos Bolsonaro.
Ainda sobre redes sociais, Adjuto comentou que percebeu que cerca de 15 jornalistas estão bloqueados no Twitter do presidente. "É uma istração muito mais política do que com o objetivo de velar o conteúdo publicado, pois, mesmo bloqueadas, essas pessoas conseguem ver o que ele posta", avaliou. Outro dado apontou a quantidade de vezes que Bolsonaro citou a imprensa nas suas lives: em 10 meses de governo, foram 160 críticas aos jornalistas e 16 elogios. O pico de desaprovação foi quando ele viajou aos Estados Unidos, onde criticou a imprensa nacional e internacional. Depois, quando surgiram as informações sobre o envolvimento do filho Flávio com o ex-assessor Fabrício Queiroz e, na sequência, sobre os incêndios na Amazônia.
A partir daí, Adjuto percebeu que as entrevistas do presidente ficaram mais escassas. Ele citou, ainda, a relação de Bolsonaro com os repórteres da Folha de S.Paulo. "Quando o jornalista se identifica como profissional deste jornal, o presidente é direto e diz que nem vai responder, independentemente da pergunta. É um ponto a se discutir sobre democracia e liberdade de opinião", disse. Com um gráfico, mostrou, em ordem, a que se referem as críticas à imprensa. Em primeiro lugar, são genéricas, depois sobre a cobertura na eleição de 2018 e, na sequência, sobre as ações do governo de uma maneira geral. Em ordem, citou os veículos que Bolsonaro mais tem implicância e reclamações. No topo da lista está o Grupo Globo, a Folha de S.Paulo, o Estadão e as outras empresas.
Adjuto afirmou que a Reforma da Previdência foi o principal assunto de cobertura jornalística destes 10 meses de governo. "O tema já vinha da época do Governo Temer e é muito técnico, que exige bastante diálogo. Participamos de algumas conversas, quando recebemos explicações sobre cada ponto da Reforma e seus detalhes", informou. Ao final, aconselhou os jornalistas a respeito da valorização das fontes: "Nosso trabalho é lembrar que aquela pessoa com quem você conversa hoje, pode ser uma ministra ou alguém influente no Congresso, tonando-se uma grande fonte. Então, é importante manter uma boa relação, pois faz toda a diferença quando pessoas do alto escalão se relacionam contigo pelo Whatsapp. Essa relação se constrói".
A cobertura de Coletiva.net tem o apoio da TV Record e Rádio Viva - veículo da RSCOM -, com realização da Agert. Ao longo dos três dias, as jornalistas Gabriela Boesel, Márcia Christofoli e Patrícia Lapuente produzem conteúdo em tempo real sobre as palestras e demais movimentações, bem como relatam os bastidores do Congresso. Além do portal, são abastecidas as redes sociais com fotos, vídeos e transmissões ao vivo.